Catete

contrastes necessários

No último sábado, dia 29/09, realizamos o Roteiro de Sensibilização Urbana no Catete, como parte do evento Virada Política no Rio de Janeiro, que aconteceu no Museu da República.

Participando de um evento que debatia a política num sentido amplo e precedendo uma tarde politicamente marcante pelos manifestos #elenão, tanto no Rio de Janeiro como em outras cidades, a realização do roteiro me fez pensar sobre o contraste na cidade e sua necessidade para a vida individual e coletiva.

Nos roteiros, é intencional colocar os participantes em ambiências contrastantes, para que, por oposição, percebam as diferentes sensações, como claro e escuro, quente e frio, ruídos e silêncios, rápido e lento, espaços contidos e amplos, dentre outros.

No contexto político atual, o percurso e a vivência destes contrastes me fizeram perceber a necessidade de que haja contraste, de que possamos perceber as diferentes sensações e de que possamos escolher onde queremos permanecer ou por onde queremos transitar. Afinal, se as paisagens fossem homogêneas, como seria possível distinguir as cores, as texturas, os sons, as temperaturas?

Parece banal, mas estamos sofrendo porque não aceitamos que o contraste existe: que os lugares e os contextos diferem, que as pessoas são diferentes e que nós carregamos contrastes em nós mesmos o tempo todo.

Num momento em que fixamos continuamente momentos, paisagens e pessoas em imagens planas e que as publicamos como se fossem resumo de nossas vivências e complexidades, aceitar o contraste em nós e no outro se torna tarefa difícil e pode nos levar à insensibilidade generalizada.

Os estímulos incessantes e múltiplos da cidade nos condicionam a filtrar as sensações que ela induz em nossos corpos, mas, até que ponto estamos anestesiados e insensíveis ao outro e a nós mesmos?

Até que ponto seguimos roteiros pré-determinados, imagens pré-fixadas, falas pré-gravadas que não necessariamente condizem com o que sentimos que seja melhor para nós?

E será que estamos sentindo? Será que nos permitimos sentir? Será que permitimos o sentimento e a sensação do outro?

As manifestações que vemos com #elenão resumem a luta pelo poder ser, para que o contraste possa existir e possa ser sentido e debatido coletivamente.

Agradeço imensamente aos participantes do roteiro; aos fotógrafos da Efocorj, em especial ao professor Thiago Ripper; aos organizadores do Virada Politica RJ; ao Museu da República, em especial ao diretor Mario Chagas e às sempre parceiras Ana Cecília Sant’Ana e Daniela Matera.

Virada Política RJ em Palácio do Catete, 2018

Foto: Sergio De Pinho

Virada Política RJ em Palácio do Catete, 2018

Foto: Sergio De Pinho

Virada Política RJ em Palácio do Catete, 2018

Foto: Sergio De Pinho

Versão 2

Foto: Violeta Vilas Boas

virada sensível

No próximo sábado, 29/09, às 10:30, estaremos com o Roteiro de Sensibilização Urbana no Catete. Saindo do Museu da República.

A ideia é colaborar no desenvolvimento de uma reflexão sobre o espaço urbano a partir de sensibilidade mais apurada do corpo. Vamos mapear e reconhecer como a cidade age em nós e como agimos ou re-agimos na cidade.

Link do evento: https://www.facebook.com/events/2151718468435753/

Link para inscrições nas atividades:  https://goo.gl/AKvqmU

Nos vemos lá!

ProgramaçãoVPRJ18